terça-feira, 23 de setembro de 2014

Ser Paciente III...

SER PACIENTE III
(Alexander Porahy)


Ela chega toda sorridente
Vai logo dizendo que é pra eu me virar
O toque de suas mãos é quente
E quando estou com ela vejo o mundo girar

Ah, coração vira-lata!
Basta um sorriso para se entregar
Ainda que seja paixão abstrata
Você bem que podia pensar

Dê um tempo para si mesmo
Não vá se jogando assim
"Ora, espalhar meu amor a esmo
É o que se pode esperar de mim!"


Ser Paciente II...

SER PACIENTE II
(Alexander Porahy)


Tendo reencontrado o filho querido
Lágrimas escorrem dos olhos da anciã
Duas, três testemunhas de um viver sofrido


Ser Paciente I...

SER PACIENTE I
(Alexander Porahy)


Tenho medo,
Mas ignoro, fecho os olhos
E sigo em frente

O remédio é amargo
Pois então que eu o tome num gole só
O alimento é mais saboroso que a fome
A boca seca, mas a água traz alívio,
Me renova, revigora

Se o tempo passa devagar,
Deixar-me levar pela ansiedade em nada ajudará
Os instantes se seguem, um após o outro
E não todos de uma vez

Mais do que nunca
Devo ser paciente


Fim de Estação...

FIM DE ESTAÇÃO
(Alexander Porahy)


Hoje o mar acordou de mau humor
Rebentares de ondas bravias se sucedem
Nuvens escuras dominam o horizonte
E o Sol não mostrou sua face

A tempestade ao longe vem chegando
Assustadora e fascinante
O vento bate no rosto
O pensamento voa longe
E o mormaço recorda o poeta
De que mesmo os dias cinzentos
Podem ser quentes

É fim de estação à beira mar



domingo, 3 de agosto de 2014

Mea Culpa...

MEA CULPA
(Alexander Porahy)


Achei que fosse amor
Desses que a gente corresponde na medida do possível

Sou um homem de recomeços
De mais erros que acertos
E dentre esses meus erros
Dois - que na verdade são um só -
Daqueles que cegam no durante
E dilaceram no depois

Não quero mais
Viver esses múltiplos enganos
E - pior - ferir os inocentes
Condená-los injustamente à tristeza e decepção
Em nome de um sentimento
Egoísta, desmedido, inconsequente, desnecessário

Não bebo mais dessa fonte
Busco refúgio noutros braços
Me torno agora meditativo, contemplativo
Quiçá um pouquinho mais sábio

Escolho a companhia do vento
E das estrelas



sábado, 12 de julho de 2014

Giulia e Alex...

GIULIA E ALEX
(Alexander Porahy)


– Oi, tudo bem?

– Tudo, e você?

– Tudo. Tô esperando pra nascer, e você?

– Eu também. Aliás, agora falta bem pouquinho.

– Eu tô muito feliz, sabia? Tenho certeza que serei muito bem recebida pelo meu papai e pela minha mamãe.

– Nossa, sabe que eu também? Meus pais tiveram que enfrentar muitas dificuldades pra ficarem juntos. E conseguiram. Então agora eu vou chegar pra coroar esse amor tão bonito!

– E os meus pais então? A história deles não é fácil viu? Antes de se conhecerem, precisaram viver muitas coisas. Ficaram com algumas pessoas, mas nunca foram realmente felizes. Era como se faltasse algo. Chegaram até a desistir.

– Nossa, que triste! Parece até a história dos meus pais.

– É, mas aí é que vem a parte bonita da história. Quando eles já estavam se conformando com a ideia de conviver com esse vazio, o destino os uniu. Assim, por acaso.

– Só falta você dizer que um dia eles começaram a conversar, e à medida que conversavam perceberam que havia uma química entre eles, algo que não podiam explicar...

– Exatamente isso. Parecia que eles se conheciam há muuuito tempo. Tanto que daí até se apaixonarem foi um pulinho... hihihi

– Ééé... com os meus aconteceu igualzinho. Mas mesmo depois que se apaixonaram, eles levaram um bom tempo pra poderem ficar juntos. É como se o amor deles precisasse ser testado. E foi um teste muito difícil. Pra você ter uma ideia, tinha dias em que eles não podiam nem conversar. Meu pai sofria muito com isso, e minha mãe ficava triste ao saber que ele estava assim. Mas ela não podia fazer nada. Era como se estivesse presa, vigiada, impedida de falar com ele.

– Tadinhos né? Com o meu papai e minha mamãe era assim também. Eles tiveram que ter muita paciência, muita compreensão e muito carinho até ficarem juntos. É como você falou. O amor dele estava sendo colocado à prova.

– É triste, muito triste mesmo, gostar assim de alguém e não poder estar junto.

– É mesmo.

– Mas se estamos aqui é porque eles conseguiram né?

– Simmm... Essa é a melhor parte! hihihi... Nossa! O papo estava tão bom que só agora eu percebi. Chegou a minha hora. Preciso ir.

– Vai sim. Não deixe eles esperando.

– Adorei te conhecer. Espero te reencontrar um dia.

– Eu também. E tenho o palpite que não vai demorar.

– Sabe que eu sinto a mesma coisa? A propósito, eu me chamo Giulia, e você?

– Eu me chamo Alex. Muito prazer, Giulia.

– O prazer foi meu, Alex. Agora eu vou, tá? Você não vem?

– Vou daqui a alguns minutos.

– Então até um dia, Alex.

– Até já, Giulia.

* Homenagem às mamães e aos papais que sempre lutaram muito, e nunca desistiram de seus sonhos.



terça-feira, 24 de junho de 2014

Devaneando...

DEVANEANDO
(Alexander Porahy)


Raios de sol
Em meio a ramos com flores brancas
Olhos azuis
Emoldurados por sombra
E fios castanhos
Brincadeiras em uma manhã de primavera

Movimentos suaves
Tanta vida em um sorriso!
O toque fresco da grama
Os pés descalços
Ao longe o som de um riacho
E suas águas por entre as pedras

O toc toc do monjolo
Lembranças de outros tempos
Devaneios de um tolo saudosista
Interrompidos por um beijo
Presente de lábios macios
E com sabor de fruta colhida no pé

Quem dera o tempo parasse agora...
Quem dera o tempo parasse agora...
Quem dera o tempo parasse...


quinta-feira, 29 de maio de 2014

Ode à Fome (Ou Noite Fria de Quinta)...

ODE À FOME (OU NOITE FRIA DE QUINTA)
(Alexander Porahy)


Pizza de muçarela
Quando chega em casa
Ah, que bela!
Me delicio em seus tomates
Me inebrio com o aroma de seus oréganos
E o que dizer de suas azeitonas?
As devoro até os caroços
O brotinho aguça meu apetite
Mas o desejo é tamanho família
E se suas bordas são recheadas
É completo o meu encanto

Pizza de muçarela
Melhor que uma, só duas
Até porque, nesse caso,
O guaraná é de graça


quinta-feira, 10 de abril de 2014

Florale...

FLORALE
(Alexander Porahy)


Quero um jardim repleto de flores
Me embriagar com seus perfumes
Me alegrar com suas cores
Quero a companhia das abelhas
E também dos beija-flores
Quero brincar com as joaninhas
E que o bem-me-quer escolha meus amores
Que esse vento que acaricia a relva
Leve embora as minhas dores
Porventura seja eu levado como o dente-de-leão
Confiante no destino e seus favores
Espero encontrar um novo jardim de flores


quarta-feira, 9 de abril de 2014

Sobre a Honestidade...

SOBRE A HONESTIDADE
(Alexander Porahy)


A respeito do rapaz que encontrou os seiscentos reais, pagou os boletos e ainda devolveu o troco para a dona do dinheiro...

A honestidade não deveria causar espanto... A desonestidade, essa sim, deveria deixar as pessoas boquiabertas...

A regra deveria ser esse rapaz, que olhou para aquele dinheiro e deve ter pensado: "Poxa, e se fosse eu que tivesse perdido?"

Acho que é isso que falta para a humanidade: empatia, se colocar no lugar do outro, não fazer aos outros o que você não quer que façam a você, amar ao próximo como a si mesmo...

Seria um mundo tão melhor!

Em contrapartida, vi uma mulher na TV dizendo que não devolveria nada, que a pessoa que perdeu o dinheiro deveria ser mais cuidadosa.

Mas se fosse essa mulher desonesta que tivesse perdido o dinheiro, estaria desesperada, implorando que o devolvessem.

Ou seja, se sou eu o beneficiado, azar do outro que deveria ser mais cuidadoso. Se sou o prejudicado, "Ai, coitadinho de mim! Ai meu Deus, faça com que devolvam meu precioso dinheirinho!".

Triste!

Mais do que dar parabéns ao rapaz honesto que originou este meu post, prefiro dizer que todas as pessoas deveriam ser como ele.

Quem sabe um dia...

segunda-feira, 7 de abril de 2014

O Poeta...

O POETA
(Alexander Porahy)


Não tome como verdade o texto do poeta
Ele pode falar da dor sem senti-la
Pode falar do amor sem estar amando
Pode falar do por do sol sem tê-lo presenciado
Pode falar das mornas águas do mar sem ter molhado seus pés

Um poeta é um observador
E quando fala, pode não ser de si
Pode ser do sorriso da menina que passa
Pode ser do olhar do idoso na praça
Ou talvez do anônimo errante na beira da estrada

O poeta gosta de escrever
E tudo pode se tornar pretexto para texto
Desde as aves no céu
Até a pedra no meio do caminho
Mesmo a xiforínfola corre o risco de virar poesia

O poeta é, antes de mais nada, livre
E essa liberdade lhe permite
Escrever de tudo, falar de tudo
Criar paisagens, mundos, tempos e palavras
Ele pode viajar até as estrelas
Ou simplesmente se enamorar de uma delas

O poeta é tão livre que pode até falar de si!
Embora saiba que a sua vida
Talvez nunca seja tão interessante
Quanto as vidas de suas personagens


Vai e Vem (Essa Dor)...

VAI E VEM (ESSA DOR)
(Alexander Porahy)


Tem época em que dói demais, e parece que essa dor insuportável nunca vai passar...

Tem época em que você está tão feliz que parece que essa dor nunca existiu...

Tem época em que dói, mas você se sente forte o bastante para não deixar essa dor incomodar...

São fases, são épocas, que vão e vêm como as ondas...


terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Camille...

CAMILLE
(Alexander Porahy)


Poesia que não fala de você
São palavras, não mais que palavras

Palavras que falam de você
São poesia, não menos que poesia


domingo, 9 de fevereiro de 2014

Abençoada chuvarada...

ABENÇOADA CHUVARADA
(Alexander Porahy)


Eis que das Mãos Sagradas
Bênçãos são derramadas
Gotas de chuva molhada
Chuva tão desejada,
Tão esperada!

Vá-se sede malvada!

Minh´alma renovada
Já não sedenta, por ora aliviada
Põe o pé na estrada
Prossegue a jornada
Ah, abençoada chuvarada!


sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Tic-Tac...

TIC-TAC
(Alexander Porahy)


Quem nunca foi homem de lata
Não viveu uma paixão ingrata
Viu seu amor em outros braços
Sentimento feito em pedaços
Arrancou o coração do peito
Mundo em branco, cinza e preto
E apesar de tanta desventura
Fez-se nova criatura
Dor transformada em alento
Venta o vento, passa o tempo


terça-feira, 7 de janeiro de 2014

No Ano Novo...

NADA DE NOVO
(Alexander Porahy)


De novo o ano que se incia só tem o nome.

Nada mágico acontece na passagem de 31 de dezembro para 1º de janeiro.

Como nas outras 364 meia-noites ao longo do ano, nossos problemas e angústias não se dispersam como que por encanto.

O que acontece é que ficamos mais esperançosos, e com a família e amigos por perto nos sentimos mais seguros e acolhidos.

Pensamos nas dificuldades vividas, e com toda a sinceridade do nosso coração desejamos que o ano que se inicia seja diferente.

Mas nos dias que se seguem após o Réveillon, somos trazidos de volta à realidade, e acabamos nos decepcionando ao perceber que nada mudou, que todas as pendências permanecem ali, em compasso de espera, aguardando para serem resolvidas.

A vida... Bem, a vida em grande parte do tempo é bem mais ou menos, bem morna.

O que quebra a mesmice são picos de tristezas ou de alegrias, e dependendo da intensidade e um ou de outro, terá valido ou não a pena.

Aliás, essa é uma conclusão que só chegaremos ao final de tudo, e não agora enquanto ainda estamos no meio do caminho.

Cabe a nós tirarmos proveito das lições aprendidas, desfrutarmos dos bons momentos e aproveitá-los para repor as energias e nos prepararmos para as tempestades que, inevitavelmente, virão.

Assim é a vida... Um ganha e perde, um cai e levanta constantes. E está aí para ser vivida.

Afinal, ela não para.

E quando finalmente parar, já não haverá o que e por que falar dela.


quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Haikai 3...

HAIKAI 3
(Alexander Porahy)


Tempestade cai
As aves em seus ninhos
Calor que se vai


Haikai 2...

HAIKAI 2
(Alexander Porahy)


Cálidas águas
Nuvens vagando no céu
Saudando a manhã


Haikai 1...

HAIKAI 1
(Alexander Porahy)


É calor demais
Brisa que não satisfaz
Manhã de verão


Seis Horas...

SEIS HORAS
(Alexander Porahy)


Achei que seria só uma menina
E como eu estava enganado!

Em você a felicidade faz morada
Sua presença a tudo ilumina
Me apresentou um mundo novo
Fez da minha vida um palco
Fez cena e fez canção
Trouxe um novo sentido
Se tornou inspiração

E quando as minhas mãos tocam as suas
E seus olhos castanhos me incendeiam
Ah, eu me esqueço do mundo ao redor
E te amo! Como eu te amo!