domingo, 30 de janeiro de 2011

"Somos serra e litoral, nosso final é simples: Tchau!"

TCHAU
Catedral


Me cansei dos teus desenganos
Não entendo a tua fala
Nossa casa está vazia
Hoje à noite é o meu dia
Nossa vida virou novela
E eu não sou nenhum personagem
Que se enquadre em teus delírios
Quero andar nas ruas e sentir frio
No calor, quero estar sozinho...

Me cansei das tuas mentiras
Eu não quero esse dia-a-dia
Não consigo fazer promessas
Tenho apenas o que me resta
O teu jeito não me abala
Não me sinto bem no teu jogo
Vou voar mais alto que as nuvens
Entender de vez esse meu vazio
Te encontrar prá não ser sozinho...

Tudo é sempre a mesma coisa
O mesmo jeito, toda vez
Tudo é muito relativo
E a distância já nos fez
Somos serra e litoral
Nosso final é simples
Tchau!


sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Ser cadeirante ou estar cadeirante...

Mais um texto que resolvi republicar, pois tem a ver com o anterior. Este foi escrito em abril de 2010.


SER CADEIRANTE OU ESTAR CADEIRANTE...

A meu ver, existe uma diferença entre ser cadeirante e estar cadeirante.

E antes que passe pela cabeça de alguém me criticar pelo que vou escrever aqui, me chamando de derrotista, pessimista ou coisa parecida, vou logo dizendo que é a minha opinião pessoal, e o que vale para mim pode não valer para as outras pessoas e vice-versa.

Para mim, estar cadeirante significa passar uma temporada na cadeira de rodas. Essa temporada pode variar de alguns dias até alguns anos, dependendo da origem do problema. Mas independente do tempo, cedo ou tarde essa pessoa vai voltar a andar.

Eu sou cadeirante. Há dez anos. Essa é a minha realidade, e é baseado nela que eu toco minha vida. O que aconteceu comigo foi algo sério, grave, e apesar de todos os avanços da medicina, ainda não existe uma cura.

Com frequência recebo notícias de lesados medulares voltando a terem sensibilidade, e até dando alguns passos. É animador e traz esperança. Por enquanto é apenas isso, o que já é muito, pois esperança é algo fundamental na vida de qualquer pessoa, cadeirante ou não.

O fato é que a maior das limitações não está no físico, e sim no psicológico. Ser cadeirante não significa ser incapaz. Muito pelo contrário. Se deixamos de fazer algumas coisas, nos descobrimos capazes de fazer outras tantas. É apenas questão de não se acomodar, de não se esconder, de sair de casa, de conhecer pessoas, de ir à luta.

Ao lesionar minha medula, eu precisei me redescobrir. De um dia para o outro, sem nenhum preparo, me vi num corpo desconhecido para mim, totalmente diferente do que eu estava acostumado.

Mais de dez anos depois, me sinto como se sempre tivesse sido cadeirante. Rever fotos antigas de antes do acidente é, para mim, algo meio estranho. Parece que aquele cara das fotos nunca existiu, parece que não sou eu.

Hoje vivo com um pé na esperança de um dia voltar a andar, e as quatro rodas bem apoiadas no chão, sabendo que isso é praticamente impossível.

Porque primeiro deve ser descoberta uma cura, e depois essa cura tem que estar acessível a mim, financeiramente falando. Se para a medicina, um prazo de 10, 15 ou 20 anos é algo plausível, para mim significa um tempo meio que... longo demais.

Por isso vou tocando a vida como uma pessoa normal. Busco ser feliz como qualquer um, e pra mim isso significa dar muito beijinho na boca linda e macia da Letícia, não deixar nada faltar para minha mãe e meus filhos, poder acelerar cada vez mais meu kart, errar, acertar, cair, levantar, enfim... Viver!

Lição de vida ou apenas o desejo de ser feliz?

Uma vez uma amiga pediu que eu escrevesse algo para ser publicado no site da Rede Saci, destinado a pessoas com deficiência.

Estes dias fiz uma nova amizade, e comentei que sou cadeirante e piloto de kart. Ele elogiou minha iniciativa, minha alegria, e isso me fez lembrar daquele artigo.

É de 2004, mas continua atual pra mim, já que minha maneira de pensar continua a mesma.

Espero que gostem. Pelo menos podem conhecer o meu ponto de vista sobre o assunto.


LIÇÃO DE VIDA OU APENAS O DESEJO DE SER FELIZ?

Primeiro vou me apresentar. Me chamo Alex, tenho 33 anos, e estou paraplégico há quatro anos e meio devido a uma lesão por arma de fogo após reagir a um assalto.

Acredito que quando uma coisa como essa acontece, devemos nos apegar naquilo que nos restou, e não naquilo que perdemos. E acreditem, um paraplégico ainda tem muito o que fazer na vida.

Hoje em dia, por exemplo, estou fazendo teatro. Algo impensável antes do acidente.

Faço parte de um grupo teatral chamado Oficina dos Menestréis. Mais especificamente, participo de um projeto experimental desenvolvido pelo diretor Deto Montenegro.

Esse projeto teve início em maio de 2003, e a proposta do Deto era formar um grupo com cerca de vinte cadeirantes com o intuito de montar um espetáculo teatral/musical.

Tivemos quatro meses de curso, cujo método original - destinado a andantes - foi totalmente adaptado para os cadeirantes pelo Deto, e quatro meses de montagem do espetáculo. A peça escolhida foi o musical Noturno, de Oswaldo Montenegro.

Foram quatro apresentações em dezembro de 2003, todas com "casa cheia". O resultado foi tão bom que voltamos com mais duas temporadas, uma em fevereiro e outra em março de 2004, num total de quatorze apresentações.

O mais legal nisso tudo é que, ao final de cada apresentação, o público tinha total liberdade para subir no palco e vir falar com o elenco.

E foram inúmeros os casos de pessoas virem falar comigo com lágrimas nos olhos, confessando terem vivido uma das maiores emoções de suas vidas. Algumas nunca tinham ido a um teatro, e se diziam gratas por termos lhes proporcionado momentos tão bons.

Claro que tudo isso envaidece, massageia o ego. Você estar fazendo algo que gosta, e ter o seu trabalho reconhecido é algo que não tem preço.

Isso sem falar naquelas pessoas que diziam que nós éramos lições de vida, por sermos deficientes e mesmo assim mostrarmos tanta alegria, tanta disposição.

Esperem aí. Demorei mas cheguei onde eu queria.

O que uma pessoa portadora de deficiência mais deseja? Se tornar uma lição de vida ou simplesmente fazer as mesmas coisas que uma pessoa dita "normal"?

Acredito que a segunda opção é a mais correta. Afinal, nós lutamos contra qualquer tipo de discriminação, e isso significa que queremos ser iguais a todo mundo.

Confesso que eu nunca acordei e pensei: "Bom, hoje darei uma lição de vida pras pessoas". Pelo contrário, eu acordo e penso: "Pô, eu queria dormir mais um pouco, mas tenho que trabalhar (ou estudar, que seja)". Além disso, seria muita pretensão eu, com tantos defeitos, querer servir como lição de vida.

O xis da questão é esse. Um deficiente quer trabalhar, estudar, namorar, se divertir como qualquer pessoa. Queremos fazer essas coisas não pra servirmos de exemplo nem darmos uma lição de vida pras pessoas. Queremos fazer essas coisas porque isso nos faz felizes. Não fazemos isso pelos outros, fazemos por nós mesmos.

Não há mal nenhum no fato das pessoas ficarem admiradas ao verem um deficiente superar algumas barreiras. Se de alguma forma isso animar as pessoas a tentarem resolver seus problemas, tudo bem.

Só não podemos deixar esse tipo de coisa nos subir à cabeça, e começarmos a achar que somos mais do que alguém. Não somos mais, nem menos. Somos iguais.

Queremos apenas ser felizes. Afinal, ser feliz é uma necessidade.

*Alexander Corrêa de Araujo, 33 anos, é ator. Aos 29 anos ficou paraplégico após reagir a um assalto.



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*Nota: Artigo publicado na Rede SACI em 26.Abr.04.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Crônica...

DESCALÇA
Alexander Porahy


Homens engravatados e mulheres de salto alto desfilando por aqueles longos corredores. Enquanto ela aguarda para falar com um deles, só tem uma certeza em seu coração: gostaria de estar em qualquer lugar, menos ali.

Não que seja uma menina inocente cercada por tubarões. Ela sabe muito bem desempenhar o seu papel. Tem jogo de cintura, conhece as regras do jogo.

Talvez por isso mesmo não suporte mais esse lugar de pessoas bem vestidas e mal intencionadas.

Perdida em pensamentos, se lembra de um tempo em que a vida era simples e gostosa. A biblioteca de painho, as estórias que ele lia para ela, e que a tornaram apaixonada por livros. Inesquecíveis A Ilha do Tesouro e Reinações de Narizinho!

Ah brisa quente de Itaparica, que envolve e faz sonhar! Os melhores momentos de sua vida foram passados lá. Pés no chão, banhos de rio e de mar, quanta saudade!

Agora é obrigada a conviver com a frieza do mármore e dos corações. Ela acompanha o tic tac lento e torturante do relógio, contando os minutos que faltam para finalmente se ver livre de novo.

Quer voltar para sua Bahia tão amada, para o fim de tarde com amigos, para os vestidos leves e os pés descalços.

Enquanto não pode, se refugia em seu reino encantado, virtual e carinhosamente preparado. Ali encontra o aconchego que o belo apartamento funcional não lhe pode oferecer.

“Ele já pode recebê-la.”

Com essas palavras ela desperta de seus devaneios. Após horas de espera, finalmente terá sua entrevista.

Perguntas feitas, perguntas respondidas. Hora de voltar para casa.

Casa? Sua casa, seu verdadeiro lar, está a centenas de quilômetros dali.

Ela sonha com o dia em que poderá se declarar livre. Nesse dia jogará os sapatos para o alto, e descalça correrá para o aeroporto.

E ao fundo, alguém estará cantando:

“I don´t want to stay here
I wanna to go back to Bahia”


sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Mente vazia igual a...

Dia desses uma amiga me falou desta música. Fui procurar a letra, e percebi que não havia tradução para o inglês.

Em solidariedade aos cerca de 1,4 bilhão de falantes do idioma inglês, resolvi traduzir esse clássico da MPB: Kirika na Buçanha, de Gerônimo.

KIRIKA NA BUÇANHA
Gerônimo


Só gosto de namorar
no escuro (bis)

Agarradinho amor
no escuro (bis)

Se você vem me beijar
no queixo (bis)

Só se for na boca
eu deixo (bis)

Kirika na buçanha
é o caminho do amor
Kirika na buçanha
é o caminho de se amar
Kirika na buçanha
é o caminho da felicidade
Kirika na buçanha



KEEREEKA IN BUSANIA
Gerônimo (Translation (?): Alexander Porahy)


I just like dating
in the dark (2x)

Grabbed, oh my love,
in the dark (2x)

If you come kiss me
on the chin (2x)

I let you kiss me only
my mouth (2x)

Keereeka in busania
is the way of love
Keereeka in busania
is the way to love someone
Keereeka in busania
is the way to happiness
Keereeka in busania


sábado, 15 de janeiro de 2011

Água...

Hoje pedi permissão ao planeta e me dei o direito de um banho bem demorado.

Ali, com a água morna caindo na cabeça, muitas lembranças me vieram à mente. Pensei no quanto eu e esse elemento precioso estamos ligados.

Muitas de minhas melhores recordações estão relacionados com a água.

Água do mar... Tão bom ficar ali flutuando nas marolas, com o céu como testemunha. O cheiro do mar, a maresia, água de coco e meninas de biquini... kkkkkkkk

Água de rio, de cachoeira... Trilhas desastradas, sobes e desces cansativos, quase exaustivos, e um banho gelado de cachoeira como recompensa...

Água dos céus... Banho de chuva, brincadeiras de criança como chutar poças d´água, ou simplesmente deixar a chuva lavar o corpo e a alma...

A água estimula meus cinco sentidos... Adoro o cheiro da terra, da grama molhada, sinto prazer quando ela escorre pelo meu corpo me aquecendo ou refrescando, fico romântico ao observar a chuva pela janela do meu quarto, durmo bem ao ouvir as gotas de chuva no telhado, e que delícia um simples copo d´água quando se tem sede!

Somos cerca de 70% água. Também cerca de 70% da superfície do nosso planeta são cobertos por água.

Paradoxalmente, a água pode destruir, pode matar.

Mas, acima de tudo, água é vida, é bênção de Deus!

Isso é, no mínimo, curioso... kkkkkkk

Sei que praticamente ninguém visita isto aqui, mas tudo bem.

É um espaço pra que os amigos possam visitar quando querem saber o que ando aprontando.

Porém, para minha grata surpresa, este é um espaço mais globalizado do que eu imaginava... kkkkkk

A imagem abaixo prova isso:

Clique na imagem para ampliar


Vejam meu relatório de visitas:



É natural que minha fama tenha chegado a lugares como Estados Unidos, Argentina, Portugal, Alemanha e França. Mas... Suiça? Romênia? Bulgária? Rússia? Malásia? Uau, sou praticamente uma celebridade mundial... kkkkkkkkk

A meta pra este ano é conseguir uma visita da África, e uma da Oceania. Aí estarei presente em todos os continentes... kkkkkkkk

Deu no site da Sabesp...

Velocidade que deixa para trás as diferenças

Superar barreiras. Algo comum no dia a dia de todos, mas essa frase ganha significado especial na vida desses atletas que superam altas velocidades e batem limitações físicas. Apoiada pela Sabesp, a equipe de Parakart lança a Copa Sabesp de Parakart, com início em 19 de fevereiro.

Em cerimônia na tarde do dia 11, no antigo Parlatino do Memorial da América Latina- prédio que atualmente sedia a Secretaria Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência - Fábio Uzunof, organizador do evento esportivo, prestou homenagens à secretária doutora Linamara Batistella, fisiatra há mais de 30 anos. A pasta foi criada há três anos, durante o governo de José Serra. “A escolha da doutora Linamara como nossa madrinha na competição de Parakart é gratificante, pois eu a indico como a maior autoridade para falar sobre a pessoa deficiente”.

Representada por Luiz Antonio de Castro Olyntho, a Sabesp assinou o contrato de incentivo através da Lei do Esporte e tornou-se a patrocinadora master do campeonato de kart para pilotos com deficiência física. Olyntho falou da ampla ação de apoio da empresa ao esporte, inclusive a outras modalidades desportivas que promovem a inclusão de deficientes. “A iniciativa de apoiar o Parakart consolida o programa de inclusão social iniciado pela Sabesp há dois anos e que inclui o patrocínio à equipe paraolímpica do Esporte Clube Pinheiros”.

Também presente, Cleyton Pinteiro, presidente da Confederação Brasileira de Automobilismo, agradeceu o patrocínio e se emocionou ao falar da importância da parceria. “Obrigado Sabesp, vocês estão dando apoio a um projeto maravilhoso. Nenhuma das categorias automobilísticas é mais importante para a CBA do que o Parakart. Com o apoio que a Sabesp empresta a esta categoria, poderemos levar a um número maior de cidadãos a possibilidade de praticar um esporte que, de outra forma, não teriam condição”.

Após a apresentação de um vídeo sobre a modalidade, a secretária falou sobre a iniciativa. “Pessoas com deficiência fazem parte da diversidade do mundo. Avançar no processo civilizatório, conferir legitimidade à cidadania de uma sociedade, é garantir o direito de todos. Justiça é direito de escolha. Direito de escolha até mesmo do esporte ao que quero me dedicar. São Paulo está dando um grande exemplo pro mundo através do Parakart”.

“A responsabilidade social é um dos pilares da ação da Sabesp. Certamente porque trabalhar com meio ambiente e garantir saneamento já é parte importante da saúde e do desenvolvimento de uma sociedade, mas ela vai além. A Sabesp tem sido uma grande parceira dessa secretaria não apenas financeiramente, ela também incorpora o conceito de que é preciso atender a todas as demandas da sociedade”, ressaltou Linamara.

Representando os atletas da categoria, Tales Lombardi vestiu mais do que a camisa da Copa Sabesp de Parakart. O piloto desfilou com um macacão com a marca da empresa e da categoria e personificou a paixão de todos os presentes pelo esporte. “O automobilismo por natureza é muito caro e esse incentivo vai trazer mídia, melhorias nos equipamentos, etc. Mas, acima de tudo, vai mostrar para todos, deficientes e não deficientes, que é possível fazer coisas inimagináveis se tivermos apoio”.

O projeto do Parakart teve início pelo preparador Domingos Zamora e pelo empresário Neidyr Cury Filho, em 2008. Disputada há três temporadas, a categoria foi homologada pela CBA e em 2009 teve seu primeiro Campeonato Brasileiro. Em 2011, o campeonato leva o nome de Copa Sabesp de Parakart e espera a participação de 20 competidores.








Fonte: Sabesp

Ótimas notícias...

Hoje abri meu e-mail, e recebi uma ótima notícia: o Parakart conseguiu fechar um contrato de patrocínio para a temporada 2011.

Daqui em diante nosso antigo macacão vermelho e branco dará lugar ao novo azul e branco da SABESP.

Que essa parceria possibilite trazer novos irmãozinhos cadeirantes ou muletantes para o nosso esporte, que tanto nos dá prazer e melhora tanto a nossa autoestima, como a de nossas famílias e amigos.

Confissão...

Ok, ok... Não posso esconder isso de vocês nem mais um segundo...

Às vezes eu abandono este blog, e quando algumas novidades se acumulam eu venho e posto tudo de uma vez, mas com data retroativa... kkkkkkkk

Acabei de postar, por exemplo, falando das 500 Milhas da Granja Viana e do Torneio Endurance em Interlagos, mas coloquei as datas em que os eventos ocorreram, e escrevi como se tivesse acabado de correr... hehehe

Espero que isto não acabe com o meu restinho de credibilidade... kkkkkkkkk